Direcção da Arma de Transmissões

DIRECÇÃO DA ARMA DE TRANSMISSÕES

ARMORIAL: JOSÉ DE CAMPOS E SOUSA
ILUMINURA: XXX
OBSERVAÇÃO: Armas Não Publicadas / Foram aprovadas por Despacho Ministerial de 11 de Fevereiro de 1971, sobre informação nº 125. As Armas da Direcção da Arma de Transmissões viriam posteriormente a ser modificadas, passando o Castelo do Campo a ser aberto e iluminado de vermelho e o timbre: uma garra de leão de ouro empunhando seis raios eléctricos do mesmo. Só então seriam publicadas
Aprovação: “Portaria” de 12 de Janeiro de 1981
Publicação das Armas:
 Ordem do Exército nº 05/1981 (1ª Série) – pp. 218-221
NOTA: As Armas da Direcção da Arma de Transmissões são as mesmas da actual: Direcção de Comunicações e Sistemas de Informação

ARMAS:
ESCUDO de azul, oito raios eléctricos de ouro apontados ao meio do chefe, da ponta, dos flancos dextro e sinistro e dos cantões dextro e sinistro do chefe e da ponta, brocante um castelo do mesmo, aberto e fenestrado de negro.
ELMO militar de prata, forrado de vermelho, a três quartos para a dextra.
CORREIA de vermelho perfilada de ouro.
PAQUIFE E VIROL de azul e de ouro.
TIMBRE uma Garra de Leão de Ouro empunhando seis raios eléctricos do mesmo.
DIVISA num listel de prata, ondulado, sotoposto ao escudo, em letras de negro, maiúsculas, estilo elzevir:
“POR ENGENHO E CIÊNCIA”.

SIMBOLOGIA:
Os oito RAIOS eléctricos com um CASTELO  brocante são o emblema tradicional das tropas de Transmissões.

OS ESMALTES SIGNIFICAM:
OURO: Nobreza e força
AZUL: ar, espaço, zelo

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A ARMA DE TRANSMISSÕES
(Pelo Armorial do Exército Português)

SÍNTESE:

Arma de Transmissões (TM) constitui a arma do Exército Português à qual compete assegurar e desenvolver as comunicações dos comandos e grandes unidades, a manutenção do material de transmissões e as operações de guerra eletrónica

A importância das comunicações foi sempre um facto evidente para o Exército Português. No início do século XIX, a eficácia do sistema defensivo da capital portuguesa (conhecido como “Linhas de Torres”) repousava em grande parte na rapidez das comunicações.

Ao longo do século XIX, o desenvolvimento dos meios de comunicação levou, em 1888, à criação do Serviço Telegráfico de Guarnição e dos Pombais Militares. Este serviço ver-se-ia incumbido também, desde 1899, das tarefas ligadas à aeroestação.

A grande reorganização de 1926 criou as Tropas de Comunicações integradas na arma de Engenharia. Em 1946 as Tropas de Comunicações transformam-se em Tropas de Transmissões, desligadas da Arma de Engenharia. Em 1959, foi criada a Arma de Transmissões.

A Direcção da Arma de Transmissões (DAT), teve origem na Direcção do Serviço Telegráfico de Guarnição e dos Pombais Militares – 1888 em Lisboa.

A Direcção da Arma de Transmissões é extinta em 1993, integrando parte das suas funções na Direcção dos Serviços de Transmissões (DST). Deixa de existir a Arma de Transmissões como organismo, com órgãos próprios, passando a ser meramente um quadro de pessoal.
Passa a designar-se por: Direcção dos Serviços de Transmissões  em 1994 sendo extinta em 2006, ano em que é criada a Direcção de Comunicações e Sistemas de Informação que mantém a designação até hoje (2016).

PATRIMÓNIO HISTÓRICO:
Nos termos do Despacho nº 238/CEME/2006 de 08 de Setembro, publicado na Ordem do Exército nº 2 (1ª série) de 28 de Setembro de 2007, foi institucionalizada a Direcção de Comunicações e Sistemas de Informação como herdeira das tradições militares e do património histórico da Direcção dos Serviços de Transmissões, extinta em 30 de Junho de 2006, no âmbito da transformação do Exército.

CRONOLOGIA E DESIGNAÇÕES:

1810
Criação do Corpo Telegráfico Militar, anexo ao Real Corpo de Engenheiros

1884
Criação da Companhia de Telegrafistas, primeira unidade operacional de transmissões

1888
Criação do Serviço Telegráfico de Guarnição e dos Pombais Militares (STGPM). Tem como orgão superior a Inspeção do STGPM
Passa a designar-se por: Direcção do Serviço Telegráfico de Guarnição e dos Pombais Militares, pelo Decreto de 05 de Julho de 1888 – Publicado na Ordem do Exército nº 22 – (1ª série) de 08 de Setembro de 1888 – (pág. 544).

1889
Passa a designar-se “Inspecção do Serviço Telegráfico de Guarnição, de Aerostação e Pombais Militares (STGAPM). pelo Decreto de 07 de Setembro de 1899, publicado na Ordem do Exército nº  9 – (1ª série) de 11 de Setembro de 1899 (pág. 234). Depende da Direcção Geral do Serviço de Engenharia.Tem como órgão superior a Direção do STGAPM, dependente da Direção-Geral da Arma de Engenharia

1900
Passa a designar-se “Inspecção dos Telégrafos Militares“, pelo Decreto de 12 de Dezembro de 1900, publicado na Ordem do Exército nº 21 (1ª Série) de 15 de Dezembro de 1900 (Pág. 563), tem a seu cargo os serviço de telegrafia, telefonia, aerostação e pombais militares.

1911
Passa a designar-se “Inspecção do Serviço Telegráfico Militar“, pelo decreto de 25 de Maio de 1911, publicado na Ordem do exército nº 11 (1ª Série) de 26 de Maio de 1911 – (Pág. 596), incluindo os serviços e tropas de telegrafia de campanha, telegrafia de praça, telegrafia sem fios e de aeroestação e pombais militares e a secção electrotécnica. Continua a fazer parte da Arma de Engenharia e tem como órgão superior a Inspecção do Serviço Telegráfico Militar, directamente dependente do quartel-mestre general do Exército

1926
Passa a designar-se “Inspecção de Tropas de Comunicações“, pelo Decreto 12161, publicado na Ordem do Exército nº 10 (1ª série) de 31 de Agosto de 1926, (pág. 537), incluindo as tropas e serviços telegráfico, de caminhos de ferro e automóvel. As tropas de comunicações têm como órgão superior a Inspecção das Tropas de Comunicações, depende da Direcção da Arma de Engenharia.

1946
Passam a designar-se “Inspecção das Tropas de Transmissões” pelo Decreto de 13 de Fevereiro de 1946, publicado na Ordem do Exército nº 4 (1ª série) de 20 de Julho de  1946 (pág. 194) e o respectivo órgão superior “Inspeção das Tropas de Transmissões”

1951
Criação do Serviço de Telecomunicações Militares (STM), responsável pelas comunicações permanentes (fixas) do Exército. O STM é assegurado pelo Batalhão de Telegrafistas da Arma de Engenharia.

1959
Criação da Direcção da Arma de Transmissões, pelo Decreto-lei nº 42564, publicado na Ordem do Exército nº 8 (1ª série) de 19 de Novembro de 1959 (Pág. 633) não sendo criada a Arma de Transmissões, continuando o pessoal de transmissões a fazer parte do quadro da Arma de Engenharia

1970
Criação da Arma de Transmissões, com o seu quadro de pessoal privativo, separado da Arma de Engenharia. O STM passa a ser um órgão desta Arma

1993
Extinção da Direcção da Arma de Transmissões, integrando parte das suas funções na Direcção dos Serviços de Transmissões (DST). Deixa de existir a Arma de Transmissões como organismo, com órgãos próprios, passando a ser meramente um quadro de pessoal.

1994
Passa a designar-se por Direcção dos Serviços de Transmissões (DST) pelo Decreto Regulamentar nº 44/94 de 02 de Setembro de 1994

2006
A DST passa a denominar-se “Direcção de Comunicações e Sistemas de Informação” (DCSI) pelo Decreto Regulamentar nº 74/2007 de 02 de Julho de 2007 reportado a 01 de Julho de 2006 (Despacho nº 131/CEME/06)
A Direcção de Comunicações e Sistemas de Informação é extinta a 30 de Junho de 2006, no âmbito da transformação do Exército.

2007
Em Março de 2007, A Direcção de Comunicações e Sistemas de Informação transfere as suas instalações para o Quartel Conde de Lippe,

O QUARTEL DO CONDE DE LIPPE:

Um dos monumentos da cidade de Lisboa que representa a profunda reforma militar realizada por Marquês de Pombal e data de 1762.
A construção tem a forma pentagonal, é constituído por uma vasta parada com edifício em toda a volta, salientando-se nos extremos da face poente que deita para a Calçada da Ajuda dois torreões; as faces expostas ao sul e nascente e parte poente têm mais de um pavimento, sendo as restantes de um pavimento; tem a sua entrada pela Calçada da Ajuda, vendo-se ao fundo a capela da Unidade.
No início da década de 90, sofreu obras de adaptação e remodelação realizadas pelo Serviço de Fortificações e Obras do Exército com total respeito pela traça da construção original do aquartelamento

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Mandado construir na segunda metade do século XVIII, especialmente para aquartelar o Regimento de Infantaria 1, comandado pelo conde de Lippe, que foi marechal-general do Exército português e comandante das forças anglo-portuguesas na campanha de 1762 contra espanhóis e franceses. Tem dois torreões mardelianos, um de cada lado do portão encimado com o brasão do rei D.José. De planta pentagonal, onde a grande praça de armas se encontra rodeada pelos edifícios do quartel, hoje aí se seleccionam para o serviço militar os mancebos da região de Lisboa.

Saiba mais sobre a História das Transmissões 

Direcção da Arma de Artilharia

ARMA ARTILHARIA

ARMORIAL: JORGE GUERREIRO VICENTE
ILUMINURA: JOSÉ ESTÉVENS COLAÇO
Aprovação: “Portaria” 6 de Novembro de 1981
Publicação das Armas:
Ordem do Exército nº 2/1982 (1ª Série) – pp. 71-73

ARMAS:
ESCUDO: de vermelho, dois canhões antigos de ouro passados em aspa, acompanhados de três granadas flamejantes do mesmo, uma em chefe e uma em cada um dos flancos.
ELMO: militar de prata, forrado de vermelho, a três quartos para a dextra.
CORREIA: de vermelho perfilada de ouro.
PAQUIFE E VIROL: de vermelho e de ouro.
TIMBRE: uma palma e uma espada, ambas de ouro, passadas em aspa, a palma em banda e a espada em barra; brocante uma torre coberta de negro lavrada de ouro com três frestas em pala iluminadas de vermelho.
DIVISA: num listel de prata, ondulado, sotoposto ao escudo, em letras de negro, maiúsculas, de estilo elzevir: “O CÉU, A TERRA E AS ONDAS ATROANDO”.
GRITO DE GUERRA:  num listel de prata, ondulado, sobreposto ao timbre, em letras de negro, maiúsculas, de estilo elzevir: “EFICÁCIA! FOGO!”.

SIMBOLOGIA:
OS CANHÕES: Representam a Arma de Artilharia
AS GRANADAS FLAMEJANTES: Aludem ás três áreas específicas de actuação da Artilharia: campanha, costa e anti-aérea
A TORRE E A PALMA: Simbolizam santa Bárbara, uma vez que são os seus atributos mais significativos e que sempre acompanharam a sua representação
A ESPADA: Simboliza o poder e o domínio sobre o Império do Fogo dado por Deus a Santa Bárbara, poder invocado pelos Artilheiros para os favorecer e proteger no emprego da pólvora e no uso dos seus canhões

SIGNIFICADO DOS ESMALTES:
OURO: Poder e Potência
VERMELHO: Valor e Firmeza
NEGRO: Prudência e Sabedoria

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SÍNTESE:

A Direcção da Arma de Artilharia foi criada em 1926 em Lisboa. É herdeira das tradições militares dos seguintes orgãos:
– Comando geral de Artilharia. com origem na comissão permanente de Artilharia – 1849 Lisboa. Extinto em 1899.
– Direcção de Artilharia, com origem na Direcção Geral do serviço de Artilharia 1899 Lisboa. Extinto em 1911.
A Direcção da Arma de Artilharia foi extinta efectivamente a 30 de Setembro de 1994

A ARMA DE ARTILHARIA
(Pelo Armorial do Exército Português)

Quanto aos Portugueses, está muito vulgarizada a opinião de que a Artilharia pirobalística, veio pela primeira vez ao conhecimento da nossa gente em 14 de Agosto de 1385, na batalha de Aljubarrota, onde o seu emprego nos surpreendeu. Trata-se de um erro que tudo impõe seja corrigido. Em 1370, Ciudad Rodrigo, que alçara voz pelo nosso D. Fernando (então pretendente à coroa castelhana, que disputava a Henrique II de Castela), tinha uma guarnição mista de tropas castelhanas e Portuguesas.
Henrique de Trastâmara, em face da importância estratégica daquela praça, veio pôr-lhe cerco. Os defensores usaram então de engenhos (neurobalísticos) para o repelir. Foi esta a primeira vez que os portugueses tiveram contacto com a nova arma, que os seus camaradas de guarnição utilizavam. Em 1381, quando D. João I de Castela cercou Lisboa, já na defesa da capital foram pelos portugueses usados os trons, bem como pelos navios da armada britânica do Conde de Cambridge, vinda em socorro da forças portuguesas e que fundeara em Sacavém, apresentando ao inimigo, como diz Fernão Lopes na sua crónica, “as alcacevas contra o mar armadas e pavezadas percebidas de trons nas torres da proa”. Em 1384, quando o Mestre de Avis foi cercar Torres Novas e Alenquer, que estavam por D. Leonor Teles, mandou levar de Lisboa para ali algumas bocas de fogo.

Os primeiros exercícios de Artilharia, no polígono de vendas Novas Foto: Boletim da EPA 2006
Os primeiros exercícios de Artilharia, no polígono de Vendas Novas
Foto: Boletim da EPA 2006

A surpresa que os trons em Aljubarrota provocou teria sido simplesmente por serem utilizados como Artilharia de Campanha, e isso sim, foi a primeira vez que aconteceu em  Portugal. Até então eram usados na defesa e no cerco das praças e nos navios, isto é como artilharia de posição, de guarnição e naval.

Em Portugal, até D. Afonso V, foram usados simultaneamente os antigos engenhos e a nova artilharia, aparecendo pela primeira vez a de bronze. Aqueles só deixaram de ser usados no reinado de D. João II.

A primeira organização da artilharia Portuguesa data do reinado do Africano, em que é criado o cargo de Vedor da Artilharia e publicado o respectivo regimento por carta régia de 13 de Abril de 1449.

Polígono da EPA  Exercícios de Tiro (1888-1891) Foto: Boletim EPA 2006
Polígono da EPA
Exercícios de Tiro (1888-1891)
Foto: Boletim EPA 2006

Em Portugal a Artilharia toamou logo, desde D. João I, grande desenvolvimento. Com D. Afonso V e D. João II a fundição de artilharia tornou-se muito intensa. Atraídos por pingues remunerações, vieram para Portugal bons técnicos estrangeiros – os bombardeiros -, verdadeiros engenheiros fundidores e, ao mesmo tempo, artilheiros. Nos séculos CV e XVI não tinha ainda a feição militar actual. Os bombardeiros eram mesteirais. Contratavam-se como quaisquer outros homens de ofício. No entanto as necessidades em pessoal adestrado eram cada vez maiores. daí o conceder-se-lhes grandes privilégios. Até D. Manuel, as bocas de fogo fundidas nas tercenas (arsenais) de Portugal, não tinham asas nem argolas (arganéus) para passar cordas. Foi neste reinado que estes apareceram. Com D. sebastião surgem as asas com feitio de golfinho, que entre nós se mantiveram durante larguíssimo tempo. Até aqui o serviço das bocas de fogo era feito pelos bombardeiros.

5 Outubro 1910
5 Outubro 1910

Durante todo o longo decurso dos descobrimentos e da conquista a Artilharia ocupou em Portugal posição de alto relevo. Foi devido à sua abundância e qualidade que as armadas Portuguesas mantiveram longamente a soberania nos mares. Para isso também muito contribuiu a nómina, essa feliz instituição manuelina que nos garantia a existência de 100 bombardeiros nacionais e residentes em Lisboa, bombardeiros a quem o venturoso cumulou de privilégios. Data esta instituição, de 25 de Janeiro de 1515.

Em Portugal a Artilharia ia acompanhando os progressos feitos pela dos outros países. Por decreto de 28 de Dezembro de 1640 era criada a Tenência, a cargo da qual ficava a direcção, exames e inspecção de todo o material de guerra: armas, pólvora, artilharia, etc. A nómina foi restaurada por decreto de 13 de maio de 1641 com 300 bombardeiros. Para elevar a nossa artilharia ao nível que a guerra exigia foi criado então um novo organismo, o trem, sendo o primeiro existente o do Alentejo, que provia o exército e as praças de guerra daquela província de tudo quanto respeitasse  à Artilharia.
Embora este organismo não possuísse características essencialmente militares, o trem toma já um certo carácter dessa natureza, excepto quanto ao pessoal e ao gado para a condução das viaturas, que continuam a ser fornecidos pela casa real e pelas grandes casas nobres, ou contratados entre boleeiros e almocreves.

O século XVII é pois um século de transição entre os bombardeiros, homens de ofício, e os artilheiros, puramente militares. Em Portugal a Artilharia foi posta em pé de igualdade com a Cavalaria e a Infantaria por decreto de 13 de Outubro de 1669. É ainda neste século que surge o armão, isto é um jogo dianteiro, amovível, ao qual se engatam os animais de tracção e que facilmente se separa do sistema reparo-peça. Com este melhoramento surgiria a breve trecho a artilharia montada.

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Em Portugal o pessoal vai sendo cada vez mais militarizado com a organização dos troços, iniciada no último quartel do século XVII, em consequência da pouca concorrência dos alistamentos voluntários na nómina. Os troços eram já uma espécie de regimentos, com os seus oficiais, divididos em esquadras. O primeiro que se constitui é o dos artilheiros para o serviço do mar (alvará de 4 de Junho de 1677). Seguiu-se o dos Artilheiros do troço do Alentejo, que por provisão de 22 de Dezembro de 1689, devia contar 200 artilheiros. Por decreto de 29 de Novembro de 1701 é organizado outro em Lisboa, com 500. Estes troços eram uma das unidades mistas de engenharia e artilharia, pois neles havia companhias de artilheiros, de bombardeiros (para o serviço dos morteiros), de barcas (pontoneiros) e de mineiros (sapadores), as de Artilharia já com o seu capitão, ajudante, condestáveis e artífices ou engenheiros de fogo. O pessoal era constituido por gente dos diferentes ofícios. Em 1702 os Artilheiros portugueses começam a vestir uniforme, a princípio apenas constituído pelo casaco (Decreto de 23 de Setembro de 1702). Em 1708 é estabelecida a organização regimental com a transformação em Regimento do troço do Alentejo, aquartelado em Estremoz ou de Bastos, derivado do nome do seu comandante, Pedro de Bastos.

Ficaram no entanto nas várias fortificações e praças de guerra, artilheiros avulsos, de características civis, chamados pés de castelo para serviço exclusivo da artilharia dessas obras.

Em 1764 a tenência passou a denominar-se Arsenal Real do Exército. Ficaram subsistindo os trens, em várias localidades, que funcionavam como pequenos arsenais. A preparação científica foi também muito melhorada com a criação das academias regimentais e depois com o colégio dos Nobres, a academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho e a Escola Politécnica.

Também a Artilharia de montanha, com as suas ligeiras bocas de fogo decomponíveis em várias partes para poderem ser carregadas a dorso de solípedes, passou a ter bastante aplicação nos terrenos de difícil acesso (montanhosos, sem vias de comunicação transitáveis, cortados de ravinas, etc).

A Artilharia separa-se entretanto da Engenharia, com a criação de corpos especiais desta arma.
Em Portugal com a criação do corpo de engenheiros por Decreto de 12 de Outubro de 1812, as companhias de barcas e de mineiros, deixaram de fazer parte dos Regimentos de Artilharia

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Coube a Portugal a honra de ter sido o percursor da Artilharia motorizada, com a aquisição em 1903, da bateria de posição de 15 cm Scheider- Canet- Bocage, de tracção mecânica, cujo estudo se deve ao Coronel de Engenharia Carlos Roma du Bocage.

Os foguetes foram utilizados desde tempos muito remotos até ao século XII, para lançamento do fogo Grego. Em 1796, o Sargento-Mor Jerónimo José Nogueira de Andrade inventou um foguete carregado com misto incendiário e provido de Farpa para fixar aos objectivos. Os foguetes ocuparam o lugar de destaque na segunda guerra mundial.

A Artilharia de Costa não fica atrás das outras modalidades. Divide-se em dois ramos: Artilharia de defesa próxima e Artilharia contra bombardeamento, esta última para bater com poderosos projécteis  de rotura e a longa distância as maiores unidades navais couraçadas.

Actualmente a Artilharia está dividida em dois grandes ramos: a clássica, ou convencional, como já é conhecida a Artilharia pirobalística de até há pouco tempo, e a Artilharia dirigida atómica e termonuclear, que diariamente apresenta novos progressos.

Última Actualização:
14 de Maio de 2016

Direcção da Arma de Cavalaria

DIRECÇÃO DA ARMA CAVALARIA

ARMORIAL: JORGE GUERREIRO VICENTE
ILUMINURA: XXX
Aprovação: “Portaria” de 10 de fevereiro de 1982
Publicação das Armas: Ordem do Exército nº 04/82 (1ª série) – pp. 197-199

ARMAS:
ESCUDO de ouro, uma banda de vermelho.
ELMO militar de prata, forrado de vermelho, a três quartos para a dextra.
CORREIA de vermelho perfilada de ouro.
PAQUIFE E VIROL de ouro e de vermelho.
TIMBRE: uma aspa de vermelho carregada de uma moleta de ouro.
DIVISA: num listel de prata, ondulado, sotoposto ao escudo, em letras de negro, maiúsculas, de estilo elzevir: “MERECEMOS O NOME DE SOLDADOS”
GRITO DE GUERRA: num listel de prata, ondulado, sobreposto ao timbre, em letras de negro, maiúsculas, de estilo elzevir: “À CARGA!”

SIMBOLOGIA:
O ESCUDO: Simboliza o peito do cavaleiro realçado pela Boldrié
A BANDA: donde pende a espada que só desembainha em defesa dos ideais do seu código de honra – lealdade, generosidade, desprezo pela morte – pronto a, num momento de grandeza, tudo arriscar pelo intrínseco cumprimento do dever ou porque simplesmente lhe praz a beleza ou a temeridade de um gesto;
– Em adusto campo de batalha ou em engalanado terreiro de liça, o mesmo anseio: enristando a lança, honrar o juramento, em frémitos de júbilo prestado, de combater pela justiça e pela fé na defesa dos fracos e das mulheres;
– Sabre em punho, “À Carga!” o cavaleiro arranca e “numa galopada desenfreada através de uma saraivada de balas, vai completar com a carga e derrota do inimigo”:
Foi ao grito de guerra da Arma que a Cavalaria tantas vezes investiu, indómita e acutilante para se cobrir de lendária glória em:
– Fuentes de Cantos – “raríssimas vezes acontece haver na guerra uma conduta mais brilhante”;
– Armiñon – “arrancou por meio da mais brilhante carga a vitória que o o inimigo se ufanava ter alcançado”
– Macontene – “Cessar fogo! Cavalaria para a frente!”
– Mufilo – “Todo o quadrado os recebe com palmas e hurras”
– Môngua – “a Cavalaria é recebida entusiasticamente com a Portuguesa… enquanto os Landins entoam, com igual espontaneidade, o seu cântico de guerra”;
– São, entre outras, estas “páginas brilhantes” que justificam Mouzinho – Patrono da arma a quem o TIMBRE alude – ter podido com verdade dizer: “por isso nós também MERECEMOS O NOME DE SOLDADOS; é esse o nosso maior orgulho”;
– Caçador ou dragão, lanceiro ou blindado, hoje como antanho, o cavaleiro aguarda impaciente o momento de saltar para a sela e, sabre em punho, mostrar ser digno das tradições da Arma, e ao continuar sua saga imortal, fazer jus a enfileirar na plêiade rutilante dos centauros de epopeia.

SIGNIFICADO DOS ESMALTES:
OURO: A imortalidade da Fé e a constância e fidelidade aos ideais da Arma;
VERMELHO: A  bravura e a glória em campos de batalha, tantas vezes à custa de sangue generosamente derramado.

A ARMA DE CAVALARIA
(Pelo Armorial do Exército Português)

A Cavalaria Portuguesa é depositária das mais altas e nobres tradições do nosso país, continuando ainda a ensinar ao jovem aspirante a Cavaleiro o seu dever de honra em ser o primeiro a dar o combate ao inimigo. Vive, para honrar Portugal e em sua defesa fará sempre ecoar o grito AO GALOPE… À CARGA!

A Direcção da Arma de Cavalaria teve origem em 1926, em Lisboa e é herdeira das tradições Militares do Comando geral de Cavalaria, criado em 1863 e extinto em 1899, e da direcção de Cavalaria, criada em 19 e extinta em 1911.
integra ainda a Chefia do Serviço de Preboste, criado em 1959 em Lisboa e extinto em 1984.

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Mais do que uma forma de prestar uma determinada função militar, a cavalaria sempre esteve associada, desde a antiguidade, a uma ideia de uma ordem espiritual, que assim a distinguia das restantes exigências da arte militar. Prática, geralmente limitada à nobreza de uma sociedade – até por razões de ordem económica – a cavalaria impunha todo um conjunto de rituais para os iniciados e um rígido código de valores que acentuavam o seu carácter exclusivo.

Ideais desde há muito presentes nas culturas Europeia e mediterrânica, valorizados sobretudo pela exuberância ritualística  conhecida durante o efémero sonho carolíngio, marcaram toda uma postura inerente ao cultos dos altos valores da Honra, Lealdade e Defesa da Fé que ao cavaleiro cumpre culto elevado a proporções de maravilha mercê da existência e acção das Ordens Religiosas Militares.

Surgem assim na Europa, desde o século XII, algumas importantes referências literárias, musicais ou de outras formas de cultura, que exprimem as qualidades e virtudes de determinados cavaleiros, dos seus feitos, dos traços de comportamento que se espera ver noutros cavaleiros, enfim, de toda uma ordem muito própria onde impera a harmonia e o equilíbrio de todas as coisas. O livro da ordem de Cavalaria, escrito pelo missionário Catalão Ramon Lull em meados do século XIII, é disto exemplo magnífico e merece ser aqui citado:

“Ao princípio quando veio ao mundo, menosprezo de justiça por míngua de caridade, conveio que a justiça recuperasse a sua honra através do temor; e por isso todo o povo foi dividido em grupos de mil, e de cada grupo de mil foi eleito e escolhido um homem mais amável, mais sábio mais leal e mais forte e com mais ensinamentos e boa criação que todos os outros.

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Fotografia: Alfredo Serrano Rosa para: O Operacional

Procurou-se entre todos os animais o mais belo e mais veloz, e que pudesse suportar maior trabalho, e o mais conveniente para servir o homem. E porque o cavalo é o mais nobre animal e o mais conveniente para servir o homem, por isso de entre todos os animais foi escolhido o cavalo e dado ao homem que foi escolhido de entre mil homens; e por isso aquele homem tem por nome cavaleiro.”

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Cerimónia Militar de entrega do Estandarte Nacional do GAM/KFOR que regressou do Kosovo. – 10 de Outubro de 2015, esta foi a última Cerimónia Militar do GAM e marcou 10 anos de existência.
Fotografia: GAM – 10 Anos (2005-2015)

A Cavalaria está, desde a primeira hora, associada à própria história de Portugal: a Cavalaria Vilã, aristocracia não nobre, e peça fundamental na consolidação do poder Real e na defesa do território, foi o sustentáculo do Fundador que nela procurou o apoio, furtando-se assim aos compromissos políticos com as grandes casas senhorias de Riba Douro; as Ordens Religiosas Militares, para quem o mesmo rei criou as condições de existência entre nós com vista a permitir a sua administração político-administrativa e militar das terras de além Tejo; o enorme potencial humano, espiritual e científico dos Cavaleiros de Cristo, importante matriz geradora da epopeia dos descobrimentos, tão sabiamente aproveitado por Dom Dinis.

Com a conquista de Ceuta em 1415, abre-se toda uma nova dimensão para o exercício do espírito de Cavalaria que tanto condicionou a administração político-militar do Império, como deixou indeléveis traços na nossa cultura. O Cavaleiro cavalheiro ou a associação da ideia de Cavalaria com cortesia, expresso numa das maiores novelas de Cavalaria de todos os tempos – e de provável origem Portuguesa – o Amadis de Gaula, nos doze de Inglaterra e nos Lusíadas, constitui retrato fiel da presença oficial de Portugal no mundo; Império construído pelo sangue e a inteligência dos nossos maiores, nele se revê a Cavalaria de Portugal, pelo desempenho da função militar e pelo espírito de missão, das almogavarias africanas até à Índia.

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Regimento de Lanceiros nº 2 Porta Código de Honra do GPE Década de 80

No acordar jovem e forte da nação em 1640, deu a cavalaria Portuguesa  glória e brilho ás páginas da história do Portugal restaurado, na metrópole e no Império, sucedendo-se as batalhas e actos heróicos em que se envolveu, irmanada com as excelentes Infantaria e Artilharia, nunca permitindo que o nome de Portugal sofresse a humilhação da derrota sem honra.

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esteve a Cavalaria Portuguesa com o Marquês da Minas quando o arguto militar tomou Madrid em 1706; como imprescindível pilar na Guerra Fantástica e sabendo adaptar-se ás novas exigências tácticas e constituindo na maior parte das vezes unidades mistas luso-britânicas, prestou contributo inestimável na libertação de Portugal do jugo Francês.

Ainda no fecho do século de oitocentos, teve a Cavalaria Portuguesa acção proeminente na defesa da África Portuguesa, nomeadamente em Moçambique. Mouzinho de Albuquerque, Português verdadeiro, soube com dignidade e determinação que lhe eram conhecidas, mostrar como Cavaleiro era intransigente na defesa da honra: a da Pátria e a de sua Rainha, servindo ambas com igual denodo e abnegação.

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Aspecto do Esquadrão de Cavalaria de Moçambique

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José dos Reis Bravo, montando um cavalo do ECM
Fotografias

O século XX trouxe as mais extraordinárias mutações tecnológicas e a cavalaria sofreu as mais profundas transformações. A guerra moderna privou o Cavaleiro da maior parte da sua razão de existir; o Cavalo. Quebrou-se assim uma ligação milenar em que homens e animais, em perfeita harmonia, construíram história durante séculos e séculos a fio. o Cavalo porventura um dos animais mais nobres e inteligentes que no mundo existe, foi hoje substituído pela máquina, pelo carro de combate que obviamente o supera. Por tudo isto, o espírito de Cavalaria encontra-se hoje mudado, natural reflexo das rápidas mudanças culturais que a vida contemporânea impõe.

As Unidades de Cavalaria no: Unidades do Exército Português

Arma de Infantaria

01. Arma Infantaria

ARMORIAL: JORGE GUERREIRO VICENTE
ILUMINURA:
PUBLICAÇÃO DAS ARMAS: “Portaria”, 1981, Abril, 10 in OE, 1981, 1.ª série, n.º 7, pp. 361-363

ARMAS:
ESCUDO – de prata, uma besta de vermelho e, encochada, uma xara do primeiro armada do segundo.
ELMO militar  de prata, forrado de vermelho, a três quartos para a dextra.
CORREIA – de vermelho perfilada de ouro.
PAQUIFE E VIROL de prata e de vermelho.
TIMBRE – uma cruz florenciada e vazia de vermelho, ladeada de duas asas estendidas de prata.
DIVISA – num listel de prata, ondulado, sotoposto ao escudo, em letras de negro, maiúsculas, de estilo elzevir:
“DAS BATALHAS A RAINHA”.
GRITO DE GUERRA – num listel de prata, ondulado, sobreposto ao timbre, em letras de negro, maiúsculas, de estilo elzevir:
“AO ASSALTO CARREGAR”

SIMBOLOGIA:
A BESTA: Engenhoso avanço no armamento de antanho, permitiu à personagem ganhar importância que se salientou de combate em combate, deixando cada vez mais pertencer ao passado o seu emprego estático, que aguardava firme e estoicamente o embale do inimigo, vertendo generosamente o seu sangue em denudado corpo a corpo;
Agora empunhando a besta, o infante impõe ao inimigo, desde mais longe, a sua vontade expressa na XARA sibilante, que despede no momento que a sua tensa determinação escolhe e lhe dá iniciativa geradora da movimentação no campo de batalha, onde continua, quando necessário a fincar-se tenaz e valorosamente enraizado, como a rústica e bravia esteva, numa gestas. a que se imortalizou em Aljubarrota e deu jus a que a Infantaria viesse a tornar-se Rainha das Batalhas.
No Timbre, o VÔO e a CRUZ VAZIA dos Pereiras, em preito a D. Nuno, que no seu acrisolado patriotismo, espírito de bem servir, abnegação, bravura, engenho e humildade, bem simboliza as qualidades da Infantaria de quem é patrono.

SIGNIFICADO DOS ESMALTES:
PRATA: a humildade no servir e a riqueza da sua entrega total
VERMELHO: a bravura na acção e a determinação do seu querer.

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A INFANTARIA

A INFANTARIA é a mais antiga Arma do Exército constituí uma força militar preparada para actuar em qualquer situação: paz, crise ou conflito, em qualquer tipo de terreno e sob quaisquer condições meteorológicas. Os SOLDADOS de INFANTARIA Deslocam-se a pé ou em viaturas de rodas ou de lagartas, podendo ser também transportados ou lançados por meios aéreos.
A INFANTARIA, inclui também militares das chamadas Forças Especiais sejam: (Comandos, Rangers e Paraquedistas).

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DIA DA ARMA DE INFANTARIA 

O Dia da Infantaria Portuguesa é comemorado a 14 de Agosto, aniversário da Batalha de Aljubarrota ocorrida em 1385, e em que foi consagrado o Infante como elemento decisivo do combate e a Infantaria como Rainha das Armas.

Na madrugada de 14 de Agosto, as forças portuguesas sob o comando do Rei D. Jo­ão I e do Condestável Nun’ Álvares Pereira, fizeram alto a norte de Aljubarrota, dispostas a fechar aos castelhanos o caminho em direcção a Lisboa. As forças Portuguesas ficaram voltadas para Leiria ten­do sido divididas em quatro corpos: a Vanguarda (comandada por Nun’ Álvares), a Retaguarda (comandada por D. João I), a Ala Di­reita, a que chamaram a «ala dos namorados» (comandada por Mem Rodrigues e Rui Mendes de Vas­concelos) e a Ala Esquerda, composta principalmente de auxilia­res estrangeiros (comandada por Antão Vasques e João de Mont Ferrate). Naquela posição, iriam enfrentar e derrotar as tropas castelhanas, em muito maior número.

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14 de Agosto de 2013 Comemorações do Dia da Arma de Infantaria do 126º Aniversário da Escola Prática de Infantaria, a Casa Mãe de todos os Infantes

 

DIRECÇÃO DA ARMA DE INFANTARIA

A Direcção da Arma de Infantaria foi criada em Lisboa em 1926. É herdeira das tradições dos seguintes orgãos:

– Comando Geral da Arma de Infantaria, com origem na comissão Consultiva de Infantaria Lisboa 1863 e extinto em 1899

– Direcção de Infantaria, com origem na Direcção Geral dos Serviços de Infantaria – Lisboa 1901 e extinta em 1911.

SÍNTESE:

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A Infantaria Portuguesa remonta aos primeiros tempos da fundação de Portugal. Numa época constantes confrontos entre as várias forças que dominavam a península Ibérica »a personagem» (isto é: os peões, ou infantes, combatentes a pé) desempenhava um papel de relevo sobretudo no cerco e defesa de praças fortes.

O recrutamento de peões para a »hoste real» fazia-se principalmente através dos forais que ligavam o rei aos conselhos. Pelos forais, em troca de benefícios de ordem política (autonomia local), os conselhos ficavam obrigados a preparar para a hoste real uma determinada quantidade de gentes de armas, peões e cavaleiros vilãos.

O aperfeiçoamento da Besta ou “arbaleta” verificado no decorrer do século XIII, conferiu aos infantes uma importância cada vez maior nos combates. No reinado de D. Dinis foram instituídos os besteiros do conto (assim chamados por usarem bestas e serem em número fixo – contados – por cada concelho).
Os besteiros formavam o escol da Infantaria, sendo equiparados em privilégios à cavalaria, ao passo que mais abaixo, na escala social, se situavam os arqueiros, fundibulários e piqueiros.

A preocupação de D. Dinis em melhorar a estrutura militar traduziu-se em diversas reformas, na criação de altos cargos militares (fronteiro-mor, alferes-mor, fronteiro, almogáver, almocadém, adail) e na revisão do recrutamento. O próprio Rei D. Dinis escreveu um tratado ou regimento de milícias, mais tarde aproveitado para base do “Regimento da Guerra” das ordenações Afonsinas.

As Comemorações do Dia da Arma de Infantaria e do 125º Aniversário da sua Escola Foto: Azimute nº 194
As Comemorações do Dia da Arma de Infantaria
e do 125º Aniversário da sua Escola
Foto: Azimute nº 194

As reformas prosseguiram  no século XIV com a reformulação da organização militar ainda do reinado de D. Fernando I. Este rei havia regulado a prestação do serviço militar obrigatório pelas Ordens Gerais de 1373. data deste reinado a constituição do primeiro núcleo de infantaria regular, a besteria do conto.

Entretanto, a evolução das tácticas militares conduziu a um declínio da Cavalaria, face à afirmação da artilharia e da Infantaria, que começaram a usar a pólvora.  A batalha de Aljubarrota em 1385, onde se rechaça o invasor castelhano, constituiu um marco fundamental não só da história nacional, mas também da própria história militar: nela, a Infantaria demonstrou o decisivo papel que lhe cabe no resultado final dos confrontos.

Esta nova importância da Infantaria reflecte-se na preocupação do Mestre de Aviz, D. João I, em reorganizar o recrutamento de besteiros. Estes passavam a servir sob o comando geral do anadel-mor, cujo o ofício então se criou. D. Duarte, segundo rei da dinastia de Aviz, deu seguimento à política de seu pai: o Regimento dos Coudéis regulamentava com minúcia as obrigações de cada súbdito em cada província, mantendo-se a distinção entre os besteiros, mais privilegiados, e os simples peões. No reinado do rei eloquente, surgiram também os primeiros infantes com armas de pólvora: os espingardeiros.

O conjunto de legislação que organizava o exército real, foi condensado no Regimento da Guerra das Ordenações Afonsinas, cuja compilação foi iniciada na regência do Infante D. pedro e terminada no reinado de D. Afonso V.

Com a expansão ultramarina, a Infantaria tomou parte na construção e dilatação do Império em África, na Ásia e na América. O desenvolvimento das armas de fogo levou à organização dos espingardeiros sob o comando de um anadel-mor (à semelhança do que já existia para os besteiros), e à introdução do arcabuz, do mosquete e dos respectivos arcabuzeiros e mosqueteiros. No entanto continuaram a ser usadas muitas armas brancas, como a lança, a espada, o pique, a alabarda e a partazana. decaindo o uso das bestas e dos arcos.

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Navio “Vera Cruz” Fotografia: Mael Manecas

A Infantaria teve um Papel predominante durante a Guerra Colonial Portuguesa (1961-1974) conhecida por Guerra do Ultramar
Durante o século XX, as Forças Armadas Portuguesas, recuperaram a histórica designação de CAÇADORES com características mais ou menos semelhantes às dos antigos caçadores

A designação “caçadores” foi abolida do Exército Português em 1975, altura em que os batalhões de caçadores ainda existentes foram extintos ou redesignados por: “BATALHÕES DE INFANTARIA” ou “REGIMENTOS DE INFANTARIA”.

O Batalhão de Caçadores n.º 5 (BC 5) continuou a existir formalmente até 1988, mas apenas como um órgão para apoio administrativo às comissões liquidatárias das regiões e comandos militares em extinção.
Hoje em dia (2016) o Regimento de Infantaria n.º 19 (RI19) em Chaves mantém-se como a única unidade resultante da transformação de um antigo Batalhão de Caçadores.

Foto: Azimute nº 195

A crescente centralização régia, sensível sobretudo a partir do reinado de D. João II, conduziu à instauração do Exército permanente. D. Manuel I e D. João III, reduzindo o alcance do serviço militar obrigatório, criaram as companhias de ordenanças. Foram então extintos os besteiros do conto.

 

As primeiras grandes organizações militares gerais do Reino datam do reinado de D. Sebastião. As reformas Sebásticas  instituíram o sistema de ordenanças e procederam ao levantamento sistemático das capacidades bélicas do Reino. Nasce então a Infantaria moderna, sofrendo a influência das doutrinas de Gonçalo de Córdova, o “Grande Capitão”. A unidade básica da Infantaria passava a ser o terço, de 6000 homens, comandado por um Coronel, dividido em doze companhias, comandadas por capitães. Os terços compreendiam piqueiros e arcabuzeiros, tornando-se rapidamente no tipo de unidade militar mais eficaz da sua época.

Durante a ocupação Filipina (1580-1640), todos os incrementos levados a cabo por D. Sebastião caíram no esquecimento, já que os Reis Espanhóis pretendiam o enfraquecimento do Exército Português. Após este interregno, com a Restauração da Independência em 1640 retomaram-se todas as reformas sebásticas, ampliando-as.

D. João IV, criou em 1640 o conselho de guerra, órgão supremo de comando do exército nacional. O intenso esforço de guerra ao longo de vinte r oito anos levou à constituição de um sistema trinitário de organização do exército: ordenanças, milícias e exército de linha. Durante o conflito, o Conde de Castelo Melhor contratou os serviços do príncipe de Schomberg, que estruturou o exército segundo as novas doutrinas de Turenne e Gustavo Adolfo da Suécia.

Os novos terços de Infantaria contavam com aproximadamente 2000 homens repartidos em dez companhias; a percentagem das armas de fogo tornava-se cada vez mais importante aumentando o número de mosqueteiros.

Em 1707, no reinado de D. João V, foram organizados os Regimentos de Infantaria (Fuzileiros e Granadeiros), que vieram substituir os terços. A estada do Conde de Lippe em Portugal (1762-63) trouxe ao nosso exército uma estrutura sólida, bem como um código de honra militar decisivo para a formação dos militares até aos nossos tempos. Já no século XIX a Infantaria dividiu-se em Regimentos e Batalhões, de Infantaria e Caçadores.

No século XX e apesar das novas tecnologias e da existência da Força Aérea, a Infantaria continua a desempenhar um papel cabal nos confrontos armados. Só ela permite a ocupação efectiva do terreno, cabendo-lhe portanto a decisão final de qualquer confronto Militar.